Amadeo de Souza-Cardoso

De Souza-Cardoso Amadeo

(Portugues)
Amadeu Ferreira de Souza-Cardoso nasceu numa família numerosa e abastada a 14 de Novembro de 1887, em Manhufe, localidade próxima de Amarante.

Desiludido com a Academia de Belas-Artes de Lisboa, Amadeo de Souza-Cardoso partiu para Paris no seu 19º aniversário, tencionando estudar arquitectura. Nessa fase, entusiasmava-se com a caricatura, género que vinha praticando desde muito cedo e fora particularmente estimulado pelo seu encontro com o médico e escritor Manuel Laranjeira, em Espinho, onde a família Sousa Cardoso veraneava.

​Em Paris, Amadeo conviveu inicialmente com um grupo de artistas portugueses composto por Eduardo Viana, Emmérico Nunes, Francis Smith, Manuel Bentes, Manuel Jardim, entre outros. Ao contrário de grande parte dos artistas portugueses, nunca foi bolseiro; conseguiu, graças à mãe e ao tio Francisco Cardoso, convencer o pai a dedicar-se à pintura e a apoiá-lo financeiramente. Em 1909, começou a frequentar as aulas do pintor catalão Anglada Camarasa, na Academia Vitti, e tornou-se amigo íntimo de Amedeo Modigliani, com quem viria a fazer uma exposição, em 1911.

Amadeo conseguiu rapidamente apresentar-se nos salões parisienses (XXVII e XXVIII Salon des Indépendants e X Salon d’Automne), em 1911 e 1912, e no Armory Show de 1913, célebre por ter introduzido a arte modernista europeia ao público americano. Ainda em 1913, o pintor participou em exposições em Berlim (Galerie der Sturm) e em Hamburgo. No ano seguinte, expôs em Milwaukee, nos Estados Unidos, e enviou três quadros para o Salão de Londres de 1914, comissariado pela Allied Artists Association. No âmbito dessa exposição, Henri Gaudier-Brzeska, escultor vorticista, favoreceu-o na comparação com Kandinsky.

A eclosão da I Guerra Mundial levou-o a fixar-se em Portugal, em Manhufe, e a casar-se com a companheira de longa data – Lucie Pecetto. Durante a sua estada em Portugal em tempos de guerra, Amadeo reforçou os contactos com Robert e Sonia Delaunay, instalados em Vila do Conde em 1915 e 1916. Esse período foi animado por projectos com os Delaunay, Eduardo Viana, José Pacheko e Almada Negreiros. Juntos delinearam uma plataforma internacional de artistas destinada à promoção de publicações e exposições itinerantes – a Corporation Nouvelle. Contudo, esses planos não se concretizaram para Amadeo e para os artistas portugueses envolvidos.

Em finais de 1916, no rescaldo dos projectos falhados da Corporation Nouvelle, Amadeo organizou uma exposição individual itinerante, no Porto e em Lisboa. A sua apresentação em Portugal (a única na sua breve vida) foi muito polémica: deu azo a reacções negativas extremadas; a paródias, a vozes de apoio – na imprensa e no manifesto de Almada Negreiros fazendo a apologia de Amadeo. Pela correspondência do pintor e pela extensa cobertura mediática, percebemos que notícias da exposição circularam pelo país, chegando a Viseu e a Coimbra.

Quase dois anos depois da exposição de 1916, Amadeo de Souza-Cardoso faleceu, a 25 de Outubro de 1918 em Espinho, vítima da gripe espanhola que grassou o mundo na altura. Amadeo tinha 30 anos e viu-se impedido de pintar nesse último ano devido a uma doença de pele.



(Spanish)
Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante 1887 – Espinho 1918 fue un pintor português, precursor del arte moderno, continuando la tendencia trazada por los artistas de vanguardia de su época.

Nacido en el seno de una familia rica, por presión familiar comenzó a estudiar Derecho en la Universidad de Coímbra. Sin embargo, pronto abandonó la carrera y se cambió a un curso de Arquitectura en la Academia de Bellas Artes de Lisboa en 1905. Sin embargo, su inquietud creativo lo llevó a viajar a París en 1906, donde se instaló en Montparnasse con la intención de continuar estudiando. Sus primeras experiencias artísticas conocidas fueron diseños y caricaturas. Posteriormente se dedicó a la pintura. Puede decirse que en su estilo alternó el impresionismo, expresionismo, cubismo, futurismo pero siempre rechazó cualquier etiqueta estilística. A pesar de las muchas influencias artísticas en su obra siempre procuró buscar originalidad y creatividad. En 1908 se instaló en el número cartorce de la Cité de Falguière. Frecuentó talleres preparatorios para la Academia de las “Beaux-Arts” y la “Academia Viti” del pintor catalán Anglada Camarasa, pero nunca llegó a ser admitido. En 1910 pasó algunos meses en Bruselas y en 1911 expuso sus trabajos en el Salon des Indépendants en París, aproximándose progresivamente a las vanguardias y artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris y Robert Delaunay. En 1912 publicó un álbum con veinte diseños y enseguida copió el cuento de Gustave Flaubert “La Légende de Saint Julien l’Hospitalier”, trabajos ignorados por los marchantes de arte.

Después de participar con ocho trabajos en una exposición realizada en 1913 en el Armory Show (Estados Unidos), regresó a Portugal, donde realizó dos exposiciones en Oporto y Lisboa. En ese mismo año también participó en el Herbstsalon de la galería Der Sturm en Berlín. En 1914 se encontraba en Barcelona con Antoni Gaudí y marchó a Madrid, donde lo sorprendió el inicio de la Primera Guerra Mundial. Regresó entonces a Portugal, donde se casó con Lucía Peretto e inició una meteórica carrera en la experimentación de nuevas formas de expresión, pintando con gran constancia hasta el punto de que en 1916 expuso en Oporto, bajo el título de “Abstraccionismo”, 114 obras, que también fueron expuestas en Lisboa donde fueron recibidas con novedad y cierto escándalo por su estilo atrevido.

Durante esta época el estilo cubista fue una influencia decisiva en su cubismo analítico. También exploró el expresionismo, y en sus últimos trabajos experimentó con nuevas formas y técnicas como el collage y otras formas de expresión plástica.

El 25 de octubre de 1918, a los 30 años, murió prematuramente en Espinho, víctima de la llamada gripe española que había llegado a la península ibérica.